Prêmio Jovem da Água de Estocolmo

O novo rosto da ciência brasileira é jovem e feminino

Pela segunda vez, uma estudante do projeto meninas na ciência do IFRS (Instituto Federal do Rio Grande do Sul) Campus Osório é finalista da etapa internacional do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo. Amanda Ribeiro Machado, uma jovem gaúcha de 18 anos, representará o Brasil na etapa internacional, na Suécia, com o projeto “Biogrape: Inovação para tratamento de efluentes têxteis a partir de celulose bacteriana de vinho”.

 

O trabalho de Amanda foi o grande vencedor da etapa brasileira da premiação, que é promovida pela Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental – ABES, por meio do programa Jovens Profissionais do Saneamento (JPS), em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio na Suécia. A etapa internacional ocorrerá entre os dias 22 e 24 de agosto.

 

No cenário global em que a preocupação ambiental ganha cada vez mais destaque, Amanda Ribeiro Machado emerge como uma visionária com seu projeto, que promete revolucionar a indústria têxtil ao abordar de forma criativa e eficaz o problema da poluição dos recursos hídricos.

Amanda Ribeiro Machado identificou as indústrias têxteis como grandes fontes de poluição devido ao descarte inadequado de corantes. Seu projeto utiliza celulose bacteriana derivada de resíduos de vinho Merlot como material para absorver corantes têxteis, proporcionando resultados promissores. Com taxas de remoção de até 80% de corantes, o projeto supera as abordagens convencionais. O projeto Biogrape não só aborda uma questão ambiental crucial, mas também se alinha com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, especialmente o ODS 6 (água e saneamento) e o ODS 9 (industrialização sustentável).

 

O projeto de Amanda é fruto de uma iniciativa da professora Flávia Twardowski chamada “Meninas na Ciência”. Essa iniciativa levou dois grandes talentos a conquistarem o segundo lugar internacional em 2022.  Laura Drebes e Camily Pereira conquistaram o segundo lugar na final global do Prêmio Jovem da Água de Estocolmo em 2022 com o projeto “Sustain Pads” absorventes sustentáveis e de baixo custo.

 

A vitória da jovem estudante na etapa nacional de 2023 reforça a importância do empoderamento feminino na ciência. Amanda não apenas está lançando luz sobre soluções ambientais cruciais, mas também se tornou um exemplo poderoso para as jovens que aspiram seguir carreiras em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Sua liderança e conquistas demonstram que o gênero não deve ser uma barreira para o sucesso no mundo científico. Ao oferecer uma abordagem inovadora para um problema real, Amanda inspira meninas a sonhar alto e acreditar que podem fazer uma diferença significativa no mundo, independentemente do campo que escolham.

No dia 22 de agosto ocorre a final internacional na cidade de Estocolmo, e o Brasil seguirá firme na torcida para que a ciência nacional alcance mais uma vez o pódio mundial e no dia 24 a finalista será homenageada no pódio mundial.

 

 

Resumo do projeto Biogrape

A água é um dos recursos naturais mais importantes, sendo essencial para atividades que sustentam a sociedade, como agricultura, energia e consumo, porém, este recurso é constantemente poluído. As indústrias têxteis são grandes fontes poluidoras, pois os corantes utilizados em tingimentos não são totalmente fixados nas fibras têxteis e, muitas vezes, são descartados sem qualquer tratamento, o que traz inúmeros danos ambientais e sociais. Somente no Brasil são descartadas 4 toneladas de corantes anualmente. Com isso, o projeto teve como objetivo desenvolver um material alternativo para a adsorção de corantes têxteis a partir da celulose bacteriana produzida com o resíduo agroindustrial do vinho. Foi realizada a otimização da produção de celulose bacteriana a partir do resíduo da produção de vinho da uva tinta Merlot, utilizando um planejamento fatorial 2³ com metodologia de superfície.

 

As celuloses foram testadas quanto a remoção do efluente índigo carmim nas concentrações de 5mg/L, 15mg/L e 50mg/L, e de efluentes têxteis de coloração verde e vermelha através do processo de adsorção sob agitação. Houve remoção de 50%, 80% e 80% do efluente índigo carmim nas respectivas concentrações, apresentando remoção superior à literatura pesquisada. A remoção dos efluentes têxteis foi próxima de 50% para o corante verde e 30% para o vermelho. Sendo assim, o projeto mostra relevância ambiental, social, científica e tecnológica ao gerar uma alternativa para o tratamento de efluentes têxteis, atingindo 8 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU.

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